quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Ausências




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Ausência palavra pedra. Pedra, pedreira na gente. Bate-se nela, bate-se na gente batendo nela.  Ausência palavra sozinha. Quarto chaveado escuro. A ausência ocupa tanto espaço. Dentro dela mora tanta gente, tantos cheiros, tanto amor que não vingou, tantos mortos, tantos vivos que precisamos matar para não morrer. Seguimos, disfarçamos bem nossa falta de presenças. Ausência é ruim até de falar, palavra é o corpo do pensamento, corpo tão violentado, tão desencontrado, tão falido. Ausentes olhares, ausentes corpos com sentidos, ausentes compaixões , ausentes compreensões , ausentes esperanças, ausentes ilusões a dar horizontes. Estamos lotados de ausências , despencando em nossas palavras que não encontram ancoragem. Ausência pedra, ausência fogo sem ar, ausencia frio, ausência desamor, ausência grito calado. Ausência indiferença,  ausência espelho quebrado a nos fazer, ao mesmo tempo, assassinos e os próprios cães assassinados
à luz de um dia de primavera , num cidade qualquer cheia de ausentes.

Márcia Batista




Um comentário:

Claudia Schmitt disse...

Ausentes presentes no dia a dia