sexta-feira, 7 de setembro de 2012

DESatando nóS



 
Quantos nós a morar em um, quanto tempo escorre pra desatar o enleio do desassossego? Como respirar neste encolher  constante, neste trepidar de chão a cada passo, a cada espaço que se vai...
Quantos vacilos e solavancos aguenta a alma?  Quantas almas é preciso pra aguentar um corpo? Quanto amor e fúria a andar irmanamente nestes descaminhos da gente, quantas febres a constituir o que somos...E o que somos?  
Febres de ilhas em mar aberto, febres de luz em escuridões de desentendimentos, febres de dores, febre de amores, febres de cores neste monocromático existir,febres de ser, febres de ter...
Quantos nós a apertar a garganta, a selar relações, a cerrar idas e vindas, a crispar decisões, a desatinar orações, a coagular vidas...
Quanta falta no excesso de presenças e adoecimentos em solidões secretas. 
Quanto de nós se esvai a cada hora,  quando ausentes de si morremos em vida, desatamos em prantos, mas permanecemos em nó. 
 
Márcia Batista

Um comentário:

Sheila C.S. disse...

Que os nós, um a um, contem uma história, promovam sentidos, teçam caminhos... Que ao olhar para trás os vejamos como linhas ao vento, soltas, leves, porque já cumpriram a sua função em Nós... Beijos, querida.