"Quantos seres sou eu para buscar sempre do outro ser que me habita as
realidades das contradições? Quantas alegrias e dores meu corpo se abrindo como
uma gigantesca couve-flor ofereceu ao outro ser que está secreto dentro de meu
eu? Dentro de minha barriga mora um pássaro, dentro do meu peito, um leão. Este
passeia pra lá e pra cá incessantemente. A ave grasna, esperneia e é
sacrificada. O ovo continua a envolvê-la, como mortalha, mas já é o começo do
outro pássaro que nasce imediatamente após a morte. Nem chega a haver intervalo.
É o festim da vida e da morte entrelaçadas."
Lygia Clark
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