quarta-feira, 25 de julho de 2012

Viver...Vi - ver - ver - vi.


Pensando na palavra Viver constatei uma obviedade disfarçada, querendo passar desapercebida: Viver é o verbo ver em tempos verbais diferentes. Esta descoberta fez todo o sentido pra mim, que há tanto tempo invejo vagalumes e reinvento as estrelas. Ver é o sentido protagonista, é por onde se come o mundo. Há de ser a retina aquela que apresenta a vida pra nossa alma. Perder formas, traços, letras, textos, cores, espaços, e, principalmente, perder de vista o rosto dos afetos é angústia daquelas que fazem a gente não caber na pele, é o estraçalhamento do vivente. A câmara escura só é habitável por ser o nascedouro das imagens, viver por lá é ficar prisineiro do avesso da razão de ser, é não cumprir seu destino de parir imagens. Olhar é respirar pelos olhos, é ser vão para o milagre que é significar o que se vê, o que se vi-ve (ê). Ver é estar em fotossíntese, é raptar o mundo pra dentro da gente.

Márcia Batista

3 comentários:

Sheila C.S. disse...

Querida, meus olhos comeram estas palavras e as espalharam pela alma. Vi-veram o teu escrito, tornaram-se maiores e agradecem por tamanha beleza. O intenso, o belo, o delicado, e até mesmo um pouco de dor, tornam tuas palavras dignas de serem sentidas de forma atenta, com respeito e admiração. Legítimo! Bonito! Tão teu...

Márcia disse...

Obrigada, querida. Um pouco de luz nos porões os tornam menos ameaçadores, né?

Unknown disse...